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O mundo em um quarto: a quarentena da geração Z do Vale do São Francisco

Foto do escritor: Reportagem NarrativaReportagem Narrativa

Atualizado: 16 de jun. de 2021

Cinco adolescentes contam suas histórias durante a pandemia. Agora, todas as suas experiências são vividas dentro de um quarto



Divulgação: Shutterstock

De repente, as escolas foram fechadas, os espaços do shopping esvaziados, as baladas abandonadas e um toque de recolher instituído. Eles pensaram que não duraria muito, não mais que semanas. Mas as semanas estenderam-se em meses e os meses encaminharam-se a um ano que já se transforma em dois. Seus passos reduzidos a um único espaço privado: o quarto.

É num quarto cinza, com um disco dos Guns N’ Roses pendurado em uma das paredes, no bairro Residencial Doutor Humberto Martins, que Denner Dias passa os dias de isolamento acompanhado de uma guitarra, um violão, um notebook e sua calopsita Nicolau. De cabelo afro e pele negra, o jovem pula corda no quarto, numa tentativa de driblar a ansiedade.

Há 3,9 quilômetros dali, no bairro Piranga II, Pâmela Cruz vive confinada em um quarto colorido, com desenhos de cactos e corações nas paredes. Mas ela se sente fracassada. Tem de suportar um dia inteiro de aulas de frente a um celular que não aguenta o peso das horas. Seus dias, sem cor ou fôlego.

No bairro João Paulo II, a extrovertida Maria Clara Castro deleita-se acompanhando as fofocas do twitter, seus dias transitando em meio a aulas onlines, músicas do BTS, sonecas e um prazer que descobriu durante a pandemia: livros de mistério.

Em um quarto afastado da casa dos pais, na zona rural de Juazeiro, o jovem Vladimir Lucatelli faz planos ambiciosos para o futuro, ao mesmo tempo em que tenta lidar com o trabalho, as horas de procrastinação e um segredo que esconde do pai.

Enquanto isso, Thaigo – nome que Thiago Oliveira adotou depois de errar o nome três vezes numa prova – tenta vencer o tédio aprendendo coisas novas. Nada específico e tal. O que surgir em sua mente. De sotaque paulistano, pele clara, cabelos negros longos e estatura pequena, ele vive no portão da cidade de Petrolina, agarrado ao celular que usa para falar com os colegas de escola e amigos. Num quarto que pintou de cinza durante a pandemia.

Na idade mais conflituosa de suas vidas, a pandemia impôs aos adolescentes o isolamento físico. Em uma fase marcada pela descoberta e expansão, pela exploração do mundo, as complexas e misteriosas experiências da adolescência são agora experimentadas dentro de um quarto e mediadas pelas janelas digitais.


 

Divulgação: Shutterstock

Vida em suspensão

Sentado em sua escrivaninha, Denner Dias, recém completado 18 anos, lembra do seu cotidiano antes da pandemia. Acordava antes do galo às cinco e quarenta e começava sua rotina até a escola. Era preciso acordar cedo para ir pra escola do outro lado da cidade, afinal não é fácil morar em um bairro afastado. Pegava a condução e depois ainda havia uma caminhada até o Geo. Agora não precisa andar, tem tudo que precisa à distância da sua mão. Os livros, o computador, uma internet de qualidade, o estudo de maneira online. A escola de Denner é particular e bem conceituada na região. Ele tem aula das oito às doze, de segunda a sábado. Mesmo assim, sente dificuldades no ensino, algumas aulas passam das quatro horas e aí o rendimento cai, além disso percebe que alguns professores não se adaptaram às aulas online de maneira satisfatória.

Apesar de não sentir tanta saudade de sair, o isolamento fez com que Denner parasse de nadar, praticar caiaque e ciclismo, como também o impede de ir assistir as finais da NBA (a liga de basquetebol norte-americana) na casa do amigo.

Quando o mundo para e você é obrigado a parar junto com ele, isso pode desencadear alguns efeitos psicológicos. E com Denner não foi diferente, ele sentiu sua ansiedade mudar de lugar. Antes ele a demonstrava sendo displicente com seus estudos em sala de aula e tendo comportamentos hiperativos. "Eu preciso me mexer pra eu parar o que está dentro de mim", conta. Hoje, parado, ele sente que sua ansiedade está comendo a si mesmo, se mexer não adianta se você não tem pra onde sair.


Denner Dias, de 18 anos, em seu quarto.

Thaigo, de 17 anos, adorava sair antes da pandemia. Todo final de semana você o acharia no parque ou no shopping passeando com os amigos. A rotina dele, assim como a dos outros meninos, mudou bastante com a quarentena. Ele passa o dia sem fazer qualquer exercício físico, não tem mais um horário específico para se alimentar ou dormir. Perdeu o contato com vários amigos com quem conversava cotidianamente. Antes, ele se sentia motivado para ver as aulas, acordava cedo, pegava ônibus. Hoje sente que existe um grande "tanto faz".

Ele percebe que as pessoas perdem o ânimo quando estão em casa. Existem muitas questões envoltas, como a dificuldade em conciliar os estudos com o trabalho, com afazeres domésticos e internet oscilando. Boa parte dos estudantes não gosta do ensino a distância. Segundo pesquisa da Fiocruz, feita com jovens de todo o Brasil em 2020, 59% dos adolescentes relataram dificuldade de concentração, 47,8% disseram estar entendendo pouco o conteúdo das aulas e 15,8% disseram não estar entendendo nada. Na escola de Thaigo, o IF Sertão, onde ele cursa o terceiro ano integrado em edificações, os alunos não poderão ser reprovados, o que faz com que muitas pessoas sequer participem das aulas por falta de entusiasmo. Então observa que a maioria só está pegando os resultados da internet para conseguir uma boa nota.


Outra pessoa que não se deu bem com o ensino remoto foi Vladimir Lucatelli, de 18 anos. Bem- humorado, ele vive citando seus professores preferidos. Com muita desenvoltura na voz, ferramenta que ele treina em busca de realizar o sonho de seguir carreira diplomática no Itamaraty, ele conta que ficou durante um ano sem ter uma aula sequer. Hoje ex-aluno do terceiro ano do ensino médio do Colégio Modelo, uma escola pública de Juazeiro, Vladimir estava desde março de 2020 sem saber como seria resolvida sua situação escolar. Perdeu bolsa de estudos em uma universidade particular por falta da sua ficha 19, o histórico escolar de conclusão do ensino médio. Só obteve a conclusão agora em maio de 2021 e terá que reiniciar os estudos atrás da tão esperada bolsa. Para isso ele vai ter que lidar com o grande desafio de conciliar os estudos com seu novo trabalho.

A rotina do garoto é árdua. Acorda às cinco da manhã todo dia, toma seu banho e café da manhã e percorre o caminho do serviço de bicicleta. Lá o trabalho se inicia das sete até o meio-dia, após a pausa do almoço a jornada continua até às cinco da tarde. A motivação para o trabalho veio por se sentir inútil durante a pandemia sem os estudos. Ainda assim, ele não se sente nada bem, entende que precisa de ajuda psicológica.

Em junho de 2020, ele perdeu sua gatinha siamesa chamada Nusca, que considerava como o seu apoio emocional. Ele a havia criado desde 2016 e a gata começou a desenvolver uma doença pulmonar para a qual o tratamento era muito caro. Observava sua gatinha agonizando pela casa, sofrendo e teve que optar por sacrificá-la. Ele mesmo a sacrificou porque acreditava que isso era algo que só ele podia fazer, por tamanho amor que sentia.

Nusca não era uma gata igual às outras, ela o ajudou a superar um processo depressivo e também salvou sua vida algumas vezes. Uma delas foi atacando um escorpião que estava perto dele e sequer tinha notado. Outra foi durante um episódio em que em uma crise de riso ele não conseguia parar de gargalhar ficando sem ar e sem conseguir parar, na hora ela começou a mordê-lo para que sentisse dor e o riso cessasse. Ele não consegue acordar um dia sem lembrar dela.


Já Pâmela Cruz, sente muita falta dos tempos antes da pandemia. O ensino integral era suavizado pela presença dos amigos. Na escola, na hora do almoço, a diversão corria solta com a competição do jogo UNO. Quem não conhece o jogo de cartas que tem como objetivo ficar sem cartas primeiro? Além disso, comiam em conjunto e também fofocavam. Fora da escola também tinha uma vida social ativa, saía com os amigos, ia em aniversários, festas familiares, sentava na porta para conversar. Algo que não acontece atualmente. Agora passa o tempo todo em seu quarto, enquanto escuta sua mãe aconselhá-la para dar uma volta na sua rua, algo que não sente vontade. Com medo desse isolamento mais intenso, algumas semanas atrás sua mãe lhe deu um gatinho de presente, como uma forma de tentar animá-la.

Pâmela transparece na sua voz o cansaço e desânimo que está vivendo. Um cansaço não só físico, como psicológico. Ela faz uso de remédios para dormir e comer, algo que não possuía antes da quarentena, pois sua rotina de movimentação durante o dia a fazia chegar cansada em casa e alcançar rapidamente o sono. Sua ansiedade, antes quase imperceptível, hoje toma conta dela.

Pâmela Cruz, de 18 anos, em Juazeiro Bahia.

No ensino remoto, Pâmela tem que conciliar os estudos com as atividades domésticas em sua casa. Estudante do terceiro ano do Colégio Codefas, teve que lidar com a falta de aulas durante um ano nas escolas públicas da Bahia. Agora com as aulas remotas, ela se sente exausta. Suas aulas continuam integrais, se iniciam às sete e quinze e vão até onze e meia no turno da manhã, durante a tarde tem aula das uma e meia até às cinco e quinze. Além disso, pilhas de tarefas de casa enquanto tenta conciliar as atividades domésticas, ajudando sua mãe. Às vezes, toma banho ouvindo as aulas.

No contexto atual só resta sentir saudade dos dias em companhia dos amigos. Das conversas e zoações entre as turmas, das piadas internas. Da hora do recreio onde alguns comiam e corriam para a fila dos lanches, outros dançavam, tocavam violão ( quem nunca cantou legião na companhia dos amigos?), dos jogos de cartas, tabuleiros ou aqueles feitos em papel e caneta mesmo. Das aulas nas quadras de esportes ou das aulas em que os professores passavam filmes e você podia cochilar ou assistir abraçado com seus amigos/namorada(o). Dos projetos de ciência, com os mesmos vulcões de bicarbonato, do frio na barriga ao apresentar em frente a sala inteira. Das gincanas, das competições, dos interclasses. Os bilhetinhos de amor, troca de olhares, me ajeita pra sua amiga? Os professores preferidos, os odiados, a cola durante a prova e o choro após o resultado negativo. A paquera, a fofoca, a cumplicidade. Algo que podemos chamar somente de: ser adolescente.


 

Vladimir Lucatelli, de 18 anos.

“Você é quem você é. Não deixe ninguém tirar isso de você”

Em um quarto com papel de parede verde e miniaturas de aviões de guerra pendurados no teto, Adam Groff se masturba enquanto seus olhos fazem um ziguezague entre a imagem do corpo de uma mulher e de um homem que estão lado a lado no pôster de Ultimate Deadlock (Impasse Final). Bro, não é uma indecisão e tal. É que Adam está em negação. Ele quer gozar olhando para a bela mulher na foto, mas seus olhos sempre se voltam para o homem. Ele descobre ali a sua sexualidade.

É a essa cena da série Sex Education (Netflix) que Vladimir Lucatelli se refere para contar como se reconheceu parte da comunidade LGBTI+. Assim como Adam, Vladimir é bissexual. Ele sente atração tanto por meninos quanto por meninas.

A primeira vez que Vladimir genuinamente beijou um garoto foi em 2018. Um rapaz que fez um desenho para ele. Mensagens trocadas sobre o valor do trabalho, um assunto ali outro acolá, eles marcaram um encontro e rolou. Achou que era gay, mas isso ainda não explicava. Em 2019, a história de Adam o ajudou a se assumir.

– Eu não sabia ao certo o que era aquilo. A gente não tinha… Eu tive uma ou duas aulas de educação sexual porque as professoras se propunham a falar disso mesmo sem autorização, na época, da secretaria da educação e do MEC. Porque no Brasil pouco se fala de educação sexual.

Em um país de ideias conservadoras, de repressões. Falar de educação sexual ainda é um tabu. Mas cara, todos nós temos corpos. Corpos que pulsam, desejam e expelem líquidos. Contudo, o isolamento tornou a situação ainda mais bugada para alguns jovens. Impedidos de ocuparem espaços onde podem ser feitas discussões sobre sexualidade ou do acesso a parceiros com os quais possam dar vazão a seus desejos, alguns deles acabam vivenciando um processo de sofrimento psíquico que pode levar a tentativas de suicídio a casos de psicose, já que muitos vivem sua sexualidade em segredo ou a reprimem.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra da População LGBTI+, levantamento feito em 2020 pela Startup Todxs com mais de 15 mil representantes da comunidade – sete em cada 10 estudantes LGBTI+ no ensino médio não se assumem durante a vida escolar, escreve João Ker para o portal Terra. O ambiente familiar por vezes também não oferece nenhum suporte.

– Todo adolescente está expressando um sofrimento que é também da família. É um momento tipicamente de conflito. O adolescente está criando novas referências. Tem o desejo de buscar novos mundos. De explorar coisas que estão fora da ordem da família, conta a psicóloga e mestra em saúde coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), Carolina Pinheiro.
A psicóloga Carolina Pinheiro, que atua no Centro de Atenção Psicossocial para Infância e Adolescência (CAPSia Liberdade), em Salvador.

Para Vladimir, ficar tanto tempo dentro de casa com os pais, antes de iniciar seu trabalho em agosto de 2020, significou sentir mais angústia. Tornou-se um peso esconder sua sexualidade. Por anos, ele caminhou com essa informação apenas para si. Mas chega um momento na vida de todos em que é preciso ser honesto. Com aqueles que você ama e, sobretudo, consigo mesmo. Sentindo-se doente, com graves problemas estomacais, pelo que acredita ter sido um fator psicossomático, ele decidiu livrar-se da nuvem escura que o acompanhava há anos.

Era abril e tal, ainda outono, quando resolveu contar à mãe sua orientação sexual.

– Falei pra ela: a senhora é uma pessoa inteligente, sabe que sou diferente desde pequeno e acho bom a senhora saber que eu sou bissexual. Isso quer dizer que eu gosto tanto de meninos quanto de meninas. Já me relacionei com meninas e já me relacionei com meninos. Isso não vai mudar quem eu sou, sou a mesma pessoa e espero que a senhora possa entender.

Houve silêncio por parte da mãe. Silêncio que parece se arrastar por horas e inquieta a mente. Vladimir foi tomar banho, enquanto ela tentava assimilar as informações. Depois de segundos, horas, poderiam ser até mesmo dias, a mãe foi até ele fazer algumas perguntas. Você pretende falar isso para seu pai? Você gosta mais de menina ou de menino? Ele se esquivava das perguntas. Foi triste. Mas também foi gratificante. Ela disse que não mudaria nada. “Eu sou filho dela e ela me amaria”. O pai não sabe. É um segredo que agora ambos compartilham.

Em parte, Vladimir também tomou essa decisão porque precisava estar com alguém. Antes da pandemia, ele tinha uma vida sexual muito ativa. Mas no cenário pandêmico ele precisou se contentar com o que tinha, ou seja, praticamente nada. De vez em quando ele dá aquela famosa namorada virtual. Manda nudes. Mas chegou num ponto em que ele precisava transar.

– Além da necessidade psicossomática, surgiu a necessidade de estar com alguém e óbvio, era um rapaz. Um rapaz da minha idade. Eu queria que ele passasse a noite aqui comigo e ele também estava bastante afim. Porque como todo mundo eu tenho necessidades emocionais e físicas de me sentir acompanhado e de me satisfazer e poder satisfazer o outro.

A história de Vladimir é também a história de muitos adolescentes que com a afetividade reprimida durante a pandemia, colocam-se em risco em busca do contato íntimo.

– Para os adolescentes (assim como também para os adultos, né), o sexo pode atuar como uma descarga energética, como uma busca de prazer, uma tentativa de minimizar os efeitos da angústia. É ainda a experiência de contato, de afeto, tão necessária e às vezes escassa na convivência familiar. Não ter essa possibilidade intensifica ainda mais o sofrimento nesse contexto atual, explica Carolina Pinheiro.

 

Divulgação: Shutterstock

A criatividade salva a saúde mental

Trancados dentro de casa, eles fizeram do quarto o seu próprio mundo. Pequeno ou espaçoso, cinza ou roxo, simples ou fantasioso. Eles desbravam os mundos possíveis entre paredes de concreto. Eles aprendem, inventam e se reinventam.

Maria Clara aprendeu que se ela fica sem nada para mexer, se o celular descarrega, pode muito bem ler um livro. Foi assim que descobriu as obras de Sherlock Holmes. Começou pegando os livros da irmã, mas agora ela faz a sua própria coleção.

Maria Clara Castro, de 14 anos, em sua casa no bairro João Paulo II.

Quando Thaigo tá meio pra baixo, o que o anima é aprender alguma coisa nova. Não tem muita explicação do que vai ser, geralmente é alguma coisa com computador, algum tipo de manutenção, algum tipo de solda. Ele pode passar horas assistindo vídeos sobre montagem e manutenção de computadores. É melhor do que as aulas online.

– Eu percebo que nem jogar dá muito certo. Você joga e você perde e você fica nossa como a vida é triste e se você vai lá e aprende alguma coisa ou você melhora alguma coisa que sabe, aí você fica mais feliz, conta.
Thaigo, de 17 anos, na cidade de Petrolina.

Algo que curiosamente o deixou mais feliz nesse cenário de mudanças turbulentas, foi descobrir a variedade de sapos que existem no planeta. Sentado em sua escrivaninha, de frente a uma parede coberta por desenhos de uma série chamada “O Segredo Além do Jardim” que criou junto com a namorada, ele aparenta o que você pode esperar de um adolescente nessa idade. Um certo distanciamento como se estivesse fechado em seu próprio universo particular, contudo, é comunicativo de uma maneira que soa fascinante.

Sua voz ganha um tom brincalhão e mais vivo quando começa a falar de sapos.

– Cara, eu comecei a gostar de sapos com a pandemia, porque eu não usava o Instagram e aí comecei a usar. E a parte que achei mais interessante foi o vídeo de uma mulher com um sapo e uma cartola. E nossa, que interessante, um sapo com uma cartola! Aí eu curti o vídeo e nisso começaram a aparecer mais vídeos. E eu achava os sapos cada vez mais interessantes. Tinham uns sapos que eram da cor da terra, uns eram muito pequenos, lisos, tinham outros todos rugosos. Era muito incrível. Aí eu comecei a gostar de sapos.

O anel de sapo que Thaigo comprou durante a pandemia.

Para Denner, o que tem o ajudado a atravessar a pandemia é botar a criatividade para funcionar. Tocar um instrumento, ouvir uma música, escrever um poema, ler uma HQ, tudo isso ajuda.

– Sempre é bom botar o seu lado criativo para funcionar. Você tocar ou fazer algo, escrever um poema, pintar um quadro, escrever uma fanfic. Faz parte das coisas que alienam. Mas é também importante porque há a transmissão de sentimentos e ideias e sempre há coisas novas para se ver. Sempre é legal ser tocado por alguém.


Por isso, Carolina Pinheiro afirma que mergulhar em atividades criativas alimenta a saúde mental. A psicóloga compreende que nesse momento de pandemia, mais importante do que dar conta da aula, é se agarrar ao que produz saúde, ao que produz prazer e satisfação. Não é um momento para cobrança, metas muito rígidas, muito menos para passar um dia inteiro de frente a tela assistindo aulas.

– Estamos todos feridos, em sofrimento. É preciso acolher que é uma travessia difícil para todo mundo. Acolher a mudança de ritmo e o rebaixamento de humor, conta.

Poema de Maria Clara Castro para o Projeto Raça e Etnia do Colégio Estadual Dona Guiomar Barreto Meira.

Ela lembra que os adolescentes, apesar de serem sujeitos com direitos, não têm os mesmos recursos emocionais que se espera de uma pessoa adulta para lidar com esse cenário.

– Os adolescentes estão sofrendo muito sozinhos. É muito forte a dificuldade que essa geração traz de construir vínculos de confiança, de ter pessoas com quem eles possam conversar sobre sua vulnerabilidade, sobre seu sofrimento.

Assim, Carolina afirma ser necessária a formação de estratégias territoriais, um esforço conjunto entre família, instituições escolares, centros de atenção básica de saúde e Governo para a criação de espaços de criatividade, espaços de escuta, de acolhimento e de criação de vínculo com os adolescentes.


 

Se você chegou até o final desta história, o nosso muito obrigado e um pedido: Se você é adolescente e quer contar a sua história durante a pandemia, seja em forma de poema, vídeo, fotografia, música, ou apenas quiser compartilhar um depoimento ou algo que te faz bem durante esse período, mande sua mensagem para o e-mail: reportagemnarrativa2@gmail.com


Jônatas Pereira é estudante de Jornalismo em Multimeios da UNEB e pesquisador do projeto Tempo & História da Imprensa do polo Juazeiro-BA e Petrolina-PE. É também um aficionado por séries, membro da Casa Stark de Winterfell, fã de Harry Potter e apaixonado por tudo que faz parte do mundo juvenil.


Maria Clara de Oliveira é estudante de Jornalismo em Multimeios, Monitora de Extensão do Projeto TV UNEB. Apaixonada por livros, principalmente de clássicos. Por filmes de romance e besteirol e só come assistindo alguma série de comédia. Também faz algumas ilustrações. Acha a adolescência a fase mais complexa da existência humana.


*Reportagem especial produzida para a disciplina de Redação Jornalística II, do curso de Jornalismo em Multimeios DCH-III UNEB, no semestre 2021.1, sob a orientação da professora Andrea Cristiana Santos e Isael Pereira, mestrando do PPGESA.

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1 Comment


Débora Ramalho
Débora Ramalho
Jun 16, 2021

incrível!

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